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Professores em alerta: todos contra o abuso e a exploração sexual da criança e do adolescente
O 18 de maio deve ser uma data valorizada, cujo sentido maior, o combate ao abuso e exploração sexual contra criança e adolescente, deve ser compromisso da população juntamente com os órgãos responsáveis pela garantia de direitos.
São inúmeras as denúncias por todo território nacional, por meio do disque 100 no módulo Crianças e Adolescentes.
Porém, ainda assim, há crianças e adolescentes que passam por situações de abuso ou exploração sexual que não são notados ou, ainda pior, são vistos como algo normal, muitas vezes até defende-se o agressor.
Sendo assim, é importante que dentro do ambiente escolar haja uma ligação entre professor e aluno que proporcione a esse profissional que trabalha diariamente com crianças ou adolescentes, um olhar que busque para além do perceptível, que haja uma sensibilidade em perceber uma atitude estranha, um retraimento repentino ou até mesmo uma tentativa de chamar atenção a todo custo.
No entanto, por mais que haja profissionais que tenham essa sensibilidade no olhar, nem sempre é fácil lidar com esse tipo de situação.
Surge então as seguintes perguntas: o que fazer? Como agir? A quem recorrer ao se deparar com situações que indiquem abuso sexual com alguma criança ou adolescente?
Será que o professor se sente preparado para defender seu aluno em uma situação como esta?
Quantas situações já foram deixadas de lado por medo de se envolver?
Ao levarmos em consideração a importância do ambiente escolar, e de todos os envolvidos neste ambiente, para vida de crianças e adolescentes, é importante que haja uma capacitação dentro desse espaço, que tenha como objetivo dar suporte a este professor que muitas vezes ao se deparar com sinais de abuso preferem fingir que não ver, a ter que enfrentar à situação, levando em consideração sua falta de conhecimento em lidar com dado conflito.
Neste sentido, fica claro a importância de haver momentos formativos dentro das instituições escolares, tanto para alunos como para professores e demais funcionários.
Quais são os sinais de alerta?
Por se tratar de algo constrangedor e doloroso, o abuso infantil ou de adolescente não é algo fácil de se detectar. O perpetrador (pessoa que comete o ato sexual de qualquer natureza contra crianças ou adolescentes) pode ser alguém que conhece há muito tempo ou confia, o que pode tornar ainda mais difícil a notícia. É preciso considerar os seguintes sinais de alerta:
Sinais físicos
Hemorragia, hematomas ou inchaço na área genital;
Roupa íntima sangrenta, rasgada ou manchada;
Dificuldade em andar ou sentar-se;
Infecções urinárias ou de fungos frequentes;
Dor, coceira ou queimação na área genital.
Sinais comportamentais
Mudanças na higiene, como recusar a tomar banho ou tomar banho excessivamente;
Desenvolvimento de fobias;
Exibe sinais de depressão ou transtorno de estresse pós-traumático;
Exprime pensamentos suicidas, especialmente em adolescentes;
Conhecimento ou comportamentos sexuais inadequados;
Pesadelos ou xixi na cama;
Excessivamente protetora e preocupada com os irmãos, ou assume um papel de guarda;
Retorna a comportamentos regressivos, como chupar o dedo;
Prefere ficar longe de casa ou da escola.
Auto danos
Retrai-se ou sentir-se ameaçado por contato físico;
Ao notar tais sinais, pelo menos um deles, o professor deve averiguar de forma sucinta as motivações por trás de tais comportamentos;
A primeira atitude diante de uma suspeita de abuso sexual deve ser o diálogo com a criança, a criança ou adolescente deve ser seu primeiro interlocutor, o professor deve conquistar a confiança dessa criança ou adolescente.
Relato
A partir do momento que a criança depositar a confiança no adulto, vai se sentir segura em contar o que está acontecendo com ela.
É importante que a conversa aconteça num ambiente tranquilo e seguro, sem interferência de outras pessoas.
Em nenhum momento o professor deve perder a calma, evitando reações extremadas, para não influenciar o relato do aluno. Caso seja necessário, deve pedir ajuda à direção da escola, lembrando sempre de manter a discrição.
Família
É preciso entrar em contato com a família; mas, antes, o professor precisa ouvir da criança quais são as pessoas que ela aprova, que fiquem sabendo de seus relatos.
Notificação
Em casos como estes é de extrema importância manter-se a ética profissional e não difundir a história, deve-se agir com muita discrição, por se tratar de um caso extremamente delicado. Também é necessário compreender exatamente o que está acontecendo com a criança.
No momento em que tiver todos os indícios de que se trata mesmo de abuso, o educador deve avisar a família e notificar o Conselho Tutelar.
Cuidado com a criança
A criança é prioridade em toda essa história. É a parte mais vulnerável, pois passa a sentir culpa e pressão por parte da família.
Muitas vezes, alguns familiares minimizam a violência à criança como se fosse um problema menor.
Por exemplo: ora, como acusar o chefe da família de abuso? Por isso, a escuta, o acolhimento e a proteção do professor àquele aluno se torna muito importante.
A criança se sente mais segura, se há alguém que conhece todos dos detalhes da sua situação.
Reinserção na escola
Caso a situação não tenha sido tão traumática, é possível trabalhar um programa de redução de danos para aquela criança abusada.
O histórico de abuso deve ser mantido em sigilo. É essencial respeitar a privacidade da criança.
Além disso, o professor deve trabalhar a solidariedade, o respeito mútuo, compreender o tempo interno dessa criança e fazer com que ela não seja discriminada nem isolada, sendo capaz de continuar na escola e interagir normalmente com as outras crianças.
Instituição
O professor também precisa de suporte. Às vezes, sozinho não consegue fazer um acompanhamento adequado. Por isso, a instituição deve apoiá-lo e motivá-lo.
A formação dos profissionais também se faz fundamental: saber lidar com situações de violência sexual e como atuar, a quem notificar, além de compreender o que é infância no século 21, o que diz o ECA, quais as condições sociais de seus alunos, como são suas famílias e o que fazer para garantir os direitos dessas crianças dentro da escola.
Prevenção
É importante que as crianças e os adolescentes se conscientizem da própria sexualidade, conforme as características de cada faixa etária, e trabalhem a capacidade de falar de situações de perigo e de dizer ‘não’.
Com a orientação recebida na escola, a criança pode perceber se está sendo abusada, e com isso se sentir capaz de denunciar para um adulto de confiança o que vem acontecendo.
Apesar de todo o tabu em volta deste tipo de conteúdo, é importante ter em mente que centenas de crianças passam por situações de violência sexual e não se sentem confiantes em se expressar, contar a verdade para um adulto, por medo, vergonha, sentimento de culpa. Por este motivo a escola deve sim fortalecer os vínculos com seus alunos, passando para eles, a confiança necessária para contar situações que os deixam constrangidos.
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